segunda-feira, 14 de setembro de 2015

BODY ART - ARTE DO CORPO




Body Art (Arte do Corpo)




Evolução da Body Art
Se pensarmos na arte de pintar o corpo, constata-se que esse processo é tão antigo quanto a cultura humana, de forma que em sociedades primitivas era comum utilizar tintas para cobrir o corpo com sinais, que muitas vezes, ultrapassavam a questão de “adornar”, posto que em algumas culturas, os traços que cada um carregava pressupunha hierarquia, festividades típicas, passagem de ciclo, etc.
Foi dessa forma que a arte do corpo ou a body art surgiu, primeiramente como ritual religioso ou marca cultural para designar determinada pessoa no grupo e, mais tarde, como forma artística propriamente dita. Dessa maneira, importante notar que a body arte passou por diversas transformações até chegar no século XXI como uma das tendências mais exploradas, tal qual a tatuagem. Em resumo, antes ela surgia como uma necessidade de cultivar a crença e os rituais, e atualmente, como forma de explorar artisticamente a mais importante identidade humana: o corpo.

Definição
A
body art, ou arte do corpo, designa uma vertente da arte contemporânea que toma o corpo como meio de expressão e/ou matéria para a realização dos trabalhos, associando-se frequentemente a happening e performance. Não se trata de produzir novas representações sobre o corpoencontráveis no decorrer de toda a história da arte –, mas de tomar o corpo do artista como suporte para realizar intervenções, de modo geral, associadas à violência, à dor e ao esforço físico. Pode ser citado, por exemplo, entre muitos outros, o Rubbing Piece (1970), encenado em Nova York, por Vito Acconci (1940), em que o artista esfrega o próprio braço até produzir uma ferida. O sangue, o suor, o esperma, a saliva e outros fluidos corpóreos mobilizados nos trabalhos interpelam a materialidade do corpo, que se apresenta como suporte para cenas e gestos que tomam por vezes a forma de rituais e sacrifícios. Tatuagens, ferimentos, atos repetidos, deformações, escarificações, travestimentos são feitos ora em local privado (e divulgados por meio de filmes ou fotografias), ora em público, o que indica o caráter frequentemente teatral da arte do corpo. Bruce Nauman (1941) exprime o espírito motivador dos trabalhos, quando afirma, em 1970: “Quero usar o meu corpo como material e manipulá-lo”.

As experiências realizadas pela
body art devem ser compreendidas como uma vertente da arte contemporânea em oposição a um mercado internacionalizado e técnico e relacionado a novos atores sociais (negros, mulheres, homossexuais e outros). A partir da década de 1960, sobretudo com o advento da arte pop e do minimalismo, são questionados os enquadramentos sociais e artísticos da arte moderna, tornando-se impossível, desde então, pensar a arte apenas com categorias como pintura ou escultura. As novas orientações artísticas, apesar de distintas, partilham um espírito comumsão, cada qual a seu modo, tentativas de dirigir a arte às coisas do mundo, à natureza, à realidade urbana e ao mundo da tecnologia. As obras articulam diferentes linguagensdança, música, pintura, teatro, escultura, literatura, desafiando as classificações habituais, e colocam em questão o caráter das representações artísticas e a própria definição de arte. As relações entre arte e vida cotidiana, o rompimento das barreiras entre arte e não arte e a importância decisiva do espectador como parte integrante do trabalho constituem pontos centrais para parte considerável das vertentes contemporâneas: ambiente, arte pública, arte processual, arte conceitual, earthwork.

A
body art filia-se a uma subjetividade romântica, que coloca o acento no artista: sua personalidade, biografia e ato criador. Retoma também as experiências pioneiras dos surrealistas e dadaístas de uso do corpo do artista como matéria da obra. Reedita certas práticas utilizadas por sociedades “primitivas”, como pinturas corporais, tatuagens e inscrições diversas sobre o corpo. O teatro dos anos 1960o Teatro Nô japonês, o Teatro da Crueldade, de Antonin Artaud (1896-1948), o Living Theatre, fundado por Julian Beck e Judith Malina, em 1947, o Teatro Pobre de Grotowsky (1933), além da performanceconstitui outra fonte de inspiração para a body art. A revalorização do behaviorismo nos Estados Unidos, e das teorias que se detêm sobre o comportamento, assim como o impacto causado pelo movimento Fluxus e pela obra de Joseph Beuys (1921-1986), entre as décadas de 1960 e 1970, devem ser considerados para a compreensão do contexto de surgimento da body art.

Alusões à corporeidade e à sensualidade se fazem presentes nas obras pós-minimalismo de Eva Hesse (1936-1970), que dão ênfase a materiais de modo geral não rígidos. O corpo sugerido em diversas de suas obras
Hang Up (1965-1966), e Ishtar (1965), por exemplo, assume o primeiro plano no interior da body art, quando sensualidade e erotismo são descartados pela exposição crua de órgãos e atos sexuais. As performances de Acconci são emblemáticas. EmTrappings (1971), o artista leva horas vestindo seu pênis com roupas de bonecas e conversando com ele. “Trata-se de dividir-me em dois”, afirma Acconci, “tornando o meu pênis um ser separado, outra pessoa.” Denis Oppenheim (1938) submete o corpo com base em outras experiências. Sun Burn (1970), por exemplo, consiste na imagem do artista exposto ao sol coberto com um livro, em cuja capa lê-se: “Tacties”. Air Pressures (1971), joga com as deformações impostas ao corpo quando exposto à forte corrente de ar comprimido. Chris Burden (1946) corta-se com caco de vidro em Transfixed.

Na Europa, há uma vertente sadomasoquista do movimento entre artistas como Rebecca Horn (1944), Gina Pane (1939-1990), o grupo de Viena, o Actionismus, que reúne Arnulf Rainer (1929), Hermann Nitsch (1938), Günter Brus (1938) e Rudolf Schwarzkogler (1940-1969). Este, suicida-se, aos 29 anos, diante do público, numa performance. Queimaduras, sodomizações, ferimentos e, no limite, a morte tomam a cena principal nessa linhagem da body art. No Brasil, parece difícil localizar trabalhos e artistas que se acomodem com tranquilidade sob o rótulo. De qualquer modo, é possível lembrar as obras de Lygia Clark (1920-1988), que se debruçam sobre experiências sensoriais e táteis, como A Casa É o Corpo (1968), e alguns trabalhos de Antonio Manuel (1947) e Hudinilson Jr. (1957-2013).

Principais características da Body ART:

  • Na utópica Body Art, a intervenção sobre o corpo colocava-se, ao menos na visão de certos artistas e teóricos – como uma maneira eficaz de empreender a critica aos “males” da sociedade;
  • Era mais do que arte era uma forma de protesto;
  • A investida violenta contra o corpo, bem como a transgressão de normas sociais e a quebra de tabus visavam chocar o expectador, retirando-o de um estado de passividade e indiferença;
  • A questão era despertar a consciência do individuo, tanto frente à arte, quanto à vida, nesse processo o artista assumia muitas vezes a guia ou messias cuja atuação traria a salvação do homem;
  • As relações entre arte e vida cotidiana, o rompimento das barreiras entre arte e não-arte, e a importância decisiva do espectador como parte integrante do trabalho constituem pontos centrais para parte considerável das vertentes contemporâneas;
  • Reedita ainda certas práticas utilizadas por sociedades "primitivas", como pinturas corporais, tatuagens e inscrições diversas sobre o corpo;
  • A Body Art filia-se a uma subjetividade romântica, que coloca o acento no artista: sua personalidade, biografia e ato criador;
  • Utilização seus corpos e de terceiros em suas criações gerando verdadeiras “esculturas vivas”, eles desejavam transmitir que transformaram sua própria vida em arte;
  • Crítica a arte (questionamento a classificações, estilos e a própria definição do que é arte e quem deve decidir o que ela é);
  • Relacionar a arte ao nosso cotidiano, chegando a clamar em Escultura cantante: “Jamais deixaremos de posar para vocês, Arte”;
  • Tudo pela arte (utilizando muitas vezes dor, mutilações e bizarrices para se provar isso);
  • Uso de várias técnicas (pintura, tatuagens, danças etc.);
  • Reconhecer a capacidade de comunicação do corpo humano, enquanto veículo portador de ideias e de atitudes, explorando de forma direta e livre de preconceitos de gênero e de sexualidade, fortemente influenciado pela cultura do corpo, da nudez, da comunicação corporal e da liberdade sexual, que marcaram os inícios dos anos 60;
  • Utilização do corpo (inclusive do artista);
  • Crítica a arte (questionamento a classificações, estilos e a própria definição do que é arte) Relacionar a arte ao nosso cotidiano;
  • Tudo pela arte (utilizando muitas vezes dor, mutilações e bizarrices para se provar isso);
  • Uso de várias técnicas (pintura, tatuagens, danças etc.);
  • Corpo Humano como suporte e experimentação artística;
  • Materialidade e resistência do corpo;
  • Relações entre arte e a vida cotidiana;
  • Arte como forma de protesto;
  • Choque do espectador;
  • Uso de performances, videoartes e instalações;
  • Temática livre de preconceito (cultura do corpo, sexualidade, nudez, etc.);
  • Tatuagens, maquiagens, deformações, travestimento, mutilações, escarificações, queimaduras, implantes e ferimentos;
  • Aproximação com a arte conceitual, minimalismo, surrealismo e dadaísmo.


Principais Artistas e Obras
Os principais artistas que promoveram trabalhos de body art foram:
  • Yves Klein (1928-1962): artista francês e um dos precursores da body art. Conhecido por utilizar corpos femininos como suporte para sua arte, tal quais pincéis vivos. Uma de suas performances mais famosas foi utilizar modelos cobertas por tinta azul e, de forma que as arrastava elas formavam manchas na tela. Essa técnica foi denominada de “Antropometria” ou “Medições visuais do corpo humano”.
  • Bruce Nauman (1941): artista contemporâneo estadunidense, famoso por suas performances e instalações com neon, fotografias e vídeos. Segundo ele: “Quero usar o meu corpo como material e manipulá-lo”. Uma de suas obras em que utiliza seu corpo como forma de expressão é a “Fonte Refluxo”, performance realizada em 1966, na qual ele cospe jatos de água pela boca em movimentos repetitivos.
  • Vito Acconci (1940): artista estadunidense, destaca-se por suas performances como o “RubbingPiece” (1970), em português “Esfregando a peça”, em que ele esfrega seu braço até surgir uma ferida ou “Trappings” (1961), em português “Armadilhas”, em que ele passa horas conversando com seu pênis e colocando roupas de bonecas.
  • Piero Manzoni (1933-1963): artista italiano considerado um dos mais radicais da body Art e famoso por sua obra “Merded'artista” ou “Merda de Artista” (1961), formada por 90 latas contendo suas próprias fezes. Essa obra foi um sucesso, exposta em museus renomados pelo mundo, de forma que em 2007, Manzoni chegou a vender uma de suas latas por mais de 1 milhão de libras.
  • Rudolf Schwarzkogler (1940-1969): artista austríaco marcante por suas obras sinistras e mórbidas de forte conotação política. Foi participante do grupo de “Arte e Revolução” dos acionistas vienenses, ao lado de Herman Nitsch, Otto Mühl e Günter Brus, formado em Viena entre 1965 e 1970. Sob o lema da liberdade artística, o grupo foi considerado extremista no tocante à atuação de performances, com mutilações, nudez e sexo.
Outros artistas contemporâneos que merecem destaque com trabalhos de body art são: Marina Abramovic, Eva Hesse, Bob Flanagan, Viennois Gunter, Chris Burden, Gina Pane, Dennis Oppenheim, Urs Luthi, Michel Journiac, Youri Messen-Jaschin e Stuart Brisley.


FONTES:
  • http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo3177/body-art
  • http://portifolioahistoriaarte.blogspot.com.br/2012/11/body-utilizacao-do-corpo-e-como-se-o.html
  • http://www.todamateria.com.br/body-art/
  • http://valiteratura.blogspot.com.br/2010/07/body-art-ou-arte-do-corpo.html





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